terça-feira, junho 27, 2006

Morrissey – Ringleader of the tormentors




Em 2004 “You are the quarry” voltou a por Morrisey no mapa da musica Pop e no estrelato que lhe teimava em fugir desde os Smiths.
Depois de vários anos a viver em Los Angeles , Morrisey muda-se para Roma onde encontra uma nova inspiração , novos “amigos” (Tony Visconti e Ennio Morricone) e o amor.
Com estes elementos grava Ringleader of the tormentors onde demonstra toda a sua felicidade , boa disposição tendo ainda tempo para uma critica politica.
Depois da complicada herança que o anterior álbum tinha deixado “Ringleader of the tormentors” conquista aos poucos e em nada desilude.


(Apesar da edição do álbum ser já de Março não poderia deixar de passar por aqui)









GG

quinta-feira, junho 22, 2006

THE SQUID AND THE WHALE




A revolução “intimista” do actual cinema independente americano, levada a cabo por nomes como Sofia Coppola ou Wes Anderson, ganha um novo “guerreiro”: Noah Baumbach, realizador e argumentista desta pequena pérola.
A acção do filme decorre em Brooklyn, nos anos 80, e acompanha o processo de desagregação de uma excêntrica família após a separação de Bernard (Jeff Daniels), novelista frustrado, e Joan (Laura Linney), novelista em ascensão. Os seus dois filhos, Walt (Jesse Eisenberg), e Frank (Owen Kline), procuram adaptar-se às novas circunstâncias. Passam a ter duas famílias: uma com o pai, egocêntrico e rezingão, e outra com a mãe, mais interessada em “seguir em frente” do que em lidar com o sofrimento dos filhos. A confusão de sentimentos instala-se, inevitavelmente. Esta é a sinopse, mas a beleza do filme está na forma divertida, caustica e comovente como esta catástrofe familiar nos é mostrada. A melancolia do “nada mais será igual...” transmite-se, crua e realista, ao espectador durante os curtos 80 minutos de duração desta história. O filme toca-nos fundo, não deixando nunca de ser divertido, temperado por uma excelente banda-sonora da época.
É o “Kramer vs. Kramer” do novo milénio.
Mas em bom...








JR

quarta-feira, junho 21, 2006

The Divine Comedy – Victory for the comic muse




Ao longo dos anos e de vários álbuns , Neil Hannon foi-nos habituando e surpreendendo com verdadeiras “pérolas” da musica Pop.
Bem ao seu estilo e com referencias fortes como Scott Walker e Jacques Brel foi criando sucessivas obras primas , épicas , sensuais , irónicas e com um excelente bom humor.
De “Victory for the comic muse” não podemos dizer que será uma desilusão mas uma repetição de formulas já usadas , talvez se apresente neste álbum um Hannon mais acomodado.
Seja como for encontramos musicas Pop bem apuradas e trabalhadas com arranjos que só Hannon nos poderia oferecer.
Sem a genialidade de outros tempos , a verdade é que a mediocridade neles também não existe e por isso só podemos saudar o regresso dos Divine Comedy.








GG

terça-feira, junho 20, 2006

Final Fantasy - He Poos Clouds




Um ano após a estreia com "Has a Good Home", um dos mais entusiasmantes registos de 2005, Owen Pallet, não perdeu muito tempo e brinda-nos novamente com um belo exemplar, de seu nome "He Poos Clouds", existindo no entanto uma diferença significativa entre os dois discos, pois se no primeiro álbum Owen Pallet utilizou apenas um violino e uma pedaleira de efeitos, neste "He Poos Clouds" torna-se mais ambicioso e recorre a um "ensemble" clássico com quarteto de cordas, piano, clarinete e percursão, constituindo um dos melhores exemplos da diferença entre discos, o tema "This Lamb Sells Condos" onde o unico protagonista é o piano.Todavia a base essencial do disco é protagonizada pela secção de cordas, onde Owen parece ter um toque de midas na construção de melodias aéreas que parecem flutuar livremente. A percursão que em "Song, Song, Song" marca um tempo obstinado, assemelha-se à de uma peça para orquestra sinfónica que atinge um climax, sendo fortemente marcada por constantes mudanças de humor ao longo do tema.Não fosse a voz, poderiamos dizer que estávamos na presença de um disco de inspiração totalmente clássica, habitando Owenn Pallet num universo bizarro e imprevisivel, capaz de fundir universos tão dispares como a pop e o clássico. Por todas estas razões vale a pena ouvir com muita atenção este "He Poos Clouds", sem duvida alguma um dos mais belos e interessantes discos que 2006 nos vai dar.









JP

segunda-feira, junho 19, 2006

Scott Walker – Drift




A espera terminou. Após 11 anos (apesar de ter gravado a musica para “Pola X” e de ter colaborado com Ute Lemper e com os Pulp) Scott Walker apresenta-nos o seu novo álbum “The Drift”.
Seguindo um caminho próximo do anterior e soberbo “Tilt” , mas com uma liberdade invulgar na habitual ordem de compor e pensar canções , Scott Walker para alem dos ambientes sombrios , os arranjos orquestrais e a voz operatica que o caracterizam , adiciona elementos surrealistas quase inclassificáveis.
Ás primeiras audições pode parecer estranho , muito estranho ou ate mesmo algo insano , mas com tempo torna-se viciante e cativante. Imperdivel!



GG

sexta-feira, junho 16, 2006

White Rose Movement – Kick




Depois de “Love is a number” ter feito correr muita tinta ainda em 2005 , ai está o esperado álbum dos White Rose Movement.
Vindo com uma clara influencia Pós-Punk , “Kick” é um álbum carregado e sombrio trazendo memorias por exemplo de uns Joy Division mas à qual se une uma força rítmica e uma pop festiva capaz de convidar qualquer um a ir mexer o “esqueleto” por algum dos palcos nacionais (para já confirmado em Paredes de Coura).
“Kick” é assim um álbum muito coeso que certamente irá dar continuidade ao sucesso de 2005 ao longo de 2006 , não defraudando em nada as altas expectativas que se geraram a sua volta.





GG

FAVELA RISING




Das catacumbas e macumbas das favelas do Rio de Janeiro, onde a esperança e a própria vida se perde na violência cruel e desmedida dos gangs que, matam e esfolam tudo o que lhes aparece pela frente….Onde a policia corrupta não se distingue dos criminosos e atiça mais achas para as labaredas que escorrem nesse sub mundo das favelas.
Um grupo de amigos que nasceu, cresceu e dormiu aos sons dos tiros e gritos de aflição dos moradores desses aglomerados de latas. Sem as mínimas condições sociais e oportunidades de poderem singrar na vida. Irão trilhar o caminho mais difícil nesse inferno de Dante.
Juntos decidem deixar a vida «di bandido» e largar o revolver.
Em vez de tomarem de assalto as almas dos moradores honestos, simples trabalhadores que representam a maioria dessas comunidades.
Acolhem a árdua tarefa de tomarem de assalto os seus corações de forma a diminuir as dores e os medos provocados pela guerra suja e impúdica entre os gangs e a policia putrefacta que, arrasta para o meio do conflito os mais fracos, os oprimidos….os inocentes.
A arma escolhida para cativar a juventude e a miudagem das favelas é a música e os vários movimentos culturais subjacentes a ela.
Susceptíveis e impressionáveis com o dinheiro, roupa e estilo de vida dos bandidos.
A certa altura vemos uma cena no filme onde o líder desse grupo renovador diz: _«Quantos bandidos você viu chegar a velho aqui na favela», para um miúdo que iludido com a vida luxuriosa dos gangs, elogia e diz que esse será o seu modo de vida quando entrar na adolescência….Por isso esse grupo vira-se para o afro reggae, como modo de combate à violência…. Através das palavras, ritmos e sons urbanos.
Este será o veiculo unificador e o principal motor de ligação entre a juventude e a própria comunidade da favela, tirando-os do caminho escuro e sem saída da delinquência.
Em contrapartida oferece-lhes uma oportunidade de pertencerem a algo enriquecedor e construtivo.
Através da cultura surge um movimento impulsionador de desenvolvimento social, lúdico e cultural mas, acima de tudo, devolve alguma esperança aos moradores das favelas.
Com uma banda sonora avassaladora, a história contada em moldes de documentário, com a melhor fotografia alguma vez vista em cinema (não é exagero, é a realidade), o filme honesto, onde o macabro e a beleza convivem numa realidade social profunda e inerente das favelas do Rio.
Nada está a mais ou algo falta ao filme. Esse é o outro dos seus trunfos, a honestidade dos realizadores em mostrarem a realidade como ela é, sem clichés ou pozinhos de açúcar, neste caso de fel, para impressionar os espectadores.
Aclamado pela crítica internacional FAVELA RISING, é um filme arrebatador e sufocante em emoções.
Um exemplo como se produz um excelente registo cinematográfico sem recorrer a maneirismos falsos. Onde as visões subjectivas ou pseudo moralistas não encaixam no olhar dos realizadores deste filme….apenas a realidade nua e crua como ela é.Sem duvida alguma este é daqueles filmes imperecíveis.






BB

quarta-feira, junho 07, 2006

Temporada de Patos




Temporada de Patos: Pensando enti comendo peira en Santa Maria de la feira que plazer la gente buena solo goza e nunca ai pena pá que sufrir…. (Devendra Banhart)

Nos últimos anos, o cinema mexicano aproximou-se bastante do cinema europeu sem nunca perder a sua entidade, as cores, os cheiros e a sensibilidade do toque sul-americano.
Facilmente nos lembramos dos assombrosos filmes como Amores Perros ou Y Tu Mamá También que, vieram colocar as terras de tijuana no panorama cinematográfico internacional.
Nas terras do uncle Sam também outros conterrâneos contribuíram para a promoção do cinema mexicano, quer a nível de actores e recordo: Gael Garcia Bernal e Salma Hayak, dois exemplos evidentes.
Um no campo masculino, com provas dadas nos vários projectos diferentes e arrojados em que participou (recordo Mala Educacion de Pedro Almodovar e o Motorcycle Diaries onde encarna o espírito de Che Guevara.
No plano feminino, Salma Hayek, de uma beleza estonteante capaz de cegar qualquer mortal, consegue mostrar o calor da alma mexicana, veja-se (Frida ou o tiroteio infernal que é o Once a Upon a Time in México).
A juntar a estes surge o amigo e compadré de armas e bagagens de Quentin Tarantino. Obviamente falo do realizador Robert Rodriguez que goste-se ou odeie-se se tornou objecto de culto tanto nos circuitos alternativos, como os de maior visibilidade, por outras palavras, o mainstrem. Quem não se recorda da parada de estrelas que surge no From Dusk Till Dawn, que desfilam na loucura solarenga do deserto mexicano e termina no silencio mortal de uma noite vampiresca mexicana.
Presentemente a arvore continua impecável e a dar-nos frutos de qualidade.
Desta vez, deliciei-me com o fantástico Temporada de Patos, do jovem realizador Fernando Eimbcke que, criou, uma obra cinematográfica para as nossas almas stressadas do dia-a-dia da sociedade.
A película é toda filmada a preto e branco, talvez o realizador tenha optado assim por querer reforçar os sentimentos que atravessam o filme.
A introdução ilustra bem a filosofia do filme, da maneira como é filmado e contado, onde os pormenores parecem ficar na memória, se bem que só nos damos conta disso no término deste.
A História simples mas brutal de dois amigos adolescentes que ficam «solitos» em casa numa tarde de domingo, na companhia de magazines de chicas desnudas, de la playstation e que piden piza para comer.
Logo surge a personagem do delivery boy que depressa se introduz no campo adversário pois os rapazes entraram em ruptura com ele ao ponto do desafiarem para uma partida de futebol….na playstation, com uma aposta pelo meio.
Ah já me esquecia este trio transforma-se num quarteto fantástico, pois a vizinha do lado decide fazer bolos em casa destes, pois na dela não lhe apetece. Porque será. Não digo, têm que ver e descobrir.
Repleto de emoções nuas e verdadeiras a musica vai saindo à medida em que estas quatro personagens vão interagindo entre si. Os contratempos, os encontros e desencontros, as revelações (a cena do álbum de fotos… genial) …. Tudo se dissolve numa espiral fumosa cheia de vida e tranquilidade.
De realçar o papel dos actores envolvidos, a qualidade da fotografia, a história, tudo está no seu devido lugar e é por isso que Temporada de Patos é uma pérola a descobrir.Apesar de não fazer parte da banda sonora do filme, a musica Pensando Enti do Devendra Banhart poderia, perfeitamente, surgir no fim do filme pois são objectos diferentes mas com almas idênticas.





BB