terça-feira, março 07, 2006

78ª cerimónia dos Oscar






A 78ª cerimónia dos Oscar pautou-se pelo equilíbrio. Mas um equilíbrio nivelado por cima e não por baixo como em anos anteriores.
O lote de nomeados para Melhor Filme era um dos melhores dos últimos anos, com obras não só de grande qualidade mas também corajosas e inovadoras nas temáticas que abordam: desde o terrorismo e as formas de o combater (Munique); aos sacrifícios inerentes à criação de uma obra marcante da literatura (Capote); passando pelos “podres” da civilização em que vivemos, nomeadamente a discriminação sexual (Brokeback Mountain) e racial (Crash); não faltando uma crítica certeira à (des)informação televisiva dos nossos dias, comparada com a independência dos primórdios da “caixa que mudou o mundo” (Good Night, and Good Luck).
Mas, vamos à cerimónia. Jon Stewart foi, de longe, o melhor apresentador dos últimos anos. Fez mesmo lembrar as melhores noites de Billy Cristal e Steve Martin com um humor corrosivo e uma presença segura. E tiradas de génio como a que dedicou a um dos grandes injustiçados de sempre pela Academia, dizendo “Three 6 Mafia -1/ Martin Scorsese-0”, ironizando com o oscar ganho pela Melhor Canção (?) para os primeiros e a ausência de estatuetas na carreira do segundo. Já agora a música chama-se… It’s Hard Out Here for a Pimp (!!), mas devo dizer que também foi “hard” para os espectadores ter de a ouvir.
Quanto aos prémios principais importa destacar as vitórias do brilhante Philip Seymour Hoffman (Capote) na categoria de Melhor Actor e de Reese Witherspoon (Walk the Line). Nas categorias técnicas King Kong conseguiu 3 oscar, o mesmo número do “insonso” Memórias de uma Gueixa. Os prémios de argumento foram para Crash (original) e Brokeback Mountain (adaptado). Este ultimo arrebatou ainda os oscar de melhor banda sonora e realizador para Ang Lee.
A surpresa estava guardada para o fim com a vitória de Crash na categoria principal. Não era dado como favorito, mas num naipe de nomeados da qualidade dos deste ano qualquer um seria justo vencedor. Paul Haggis criou uma obra que expõem, sem enfeites ou disfarces, os problemas raciais da sociedade americana (só?...), através de um fantástico elenco. Fica bem entregue este óscar. Fica também evidente que o cinema norte-americano, apesar dos incompreensíveis preconceitos de que é alvo, ainda consegue surpreender e apresentar filmes de grande qualidade artística, mas nunca esquecendo a vertente do entretenimento. O Cinema é isto. Era bom que noutras cinematografias se começasse a pensar assim…
Para o ano há mais. Mais filmes, vedetas, glamour e, claro, sorrisos amarelos dos vencidos!




JR

2 Comments:

At 10:44 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Sem oportunidade para fazer noitada fico satisfeito principalmente com as surpresas. Pelos que vi Crash é um justo vencedor.

 
At 10:46 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Novos colaboradores...Hiuuupiiii alguem que ponha um pouco de travão na insanidade do mentor disto tudo.....ou será que não!? :)
Força e bom trabalho.

 

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