sexta-feira, julho 28, 2006

GUILLEMOTS - Through The Windowpane





O álbum de 2006, até agora.

Podia acabar por aqui.

Mas há muito mais para contar sobre este disco e esta banda. Só os nomes e currículos dos músicos já davam para um “post” autónomo. Não acreditam? Aqui vai:
Fyfe Dangerfield (nome verdadeiro, apelido da mãe!) é o vocalista, multi-instrumentista, principal compositor da banda e provável génio da pandilha. É inglês. Tocava jazz e música clássica;
Aristazabal Hawkes (canadiana) é a contrabaixista e ocasional vocalista. Estudou Jazz em Nova Iorque, tocou em cruzeiros e conheceu Fyfe numa espécie de comunidade Utópica ( tipo “A Vila”), criada por um excêntrico milionário inglês, para a qual eles iriam compor a banda-sonora;
Rican Caol (escocês) é o percussionista, vem do “folk”, costuma tocar de túnica e entra para o palco aos berros num megafone;
MC Lord Magrão (brasileiro) toca guitarra e … um pouco de tudo. Leva sempre uma máquina de escrever e um berbequim para os concertos, que utiliza em várias musicas e vem da “cena death metal” de São Paulo.

Toda esta variedade de passados, nacionalidades e estilos torna os Guillemots uma banda verdadeiramente inclassificável. Por isso são uma das grandes revelações deste ano, até aqui, parco em (boas) novidades.

Depois de uma série de excelentes singles, lançam agora o seu álbum de estreia, este “Through the Windowpane”. O disco começa com a melancólica “Little Bear” onde a fantástica voz de Fyfe Dangerfield se degladia com uma orquestra que surge a espaços para manter uma etéria melodia. Mas este inicio calmo serve apenas de introdução às duas faixas seguintes: “Made Up Love song #43” e “Trains To Brazil”, dois dos melhores singles dos últimos anos. A primeira é uma explosão de sentimentos tão bela, genuína e divertida que até nos traz há memoria os Beach Boys de Brian Wilson. A segunda enquadra-se na longa tradição de músicas que, mesmo soando a festa, dizem coisas sérias na sua letra. Enquanto Fyfe canta sobre o terrorismo e os medos do mundo moderno a secção de metais “levanta voo” com um ritmo imparável. Isto é POP “agridoce” de alto calibre!
O álbum prossegue com a depurada “Redwings” cantada em dueto com Joan As A Police Woman (colaboradora de Rufus Wainwright e Antony ), seguida do tema-titulo, uma óptima cacofonia de teclados, ritmo drum’and’bass e pianos “recheados” com clips(!!). A bela “If The World Ends” devolve-nos outra vez a calma e oferece uma surpresa “brasileira” mesmo no fim que nos transporta para “We’re Here”, com um carrossel de violinos e piano, conduzido pela voz de Dangerfield para os antigos musicais da MGM. O vocalista surpreende novamente na faixa seguinte, “Blue Would Still Be Blue”, contrastando a opulência do álbum até esse ponto com um arranjo cru, quase “acappella”, cantando com uma emoção digna do saudoso Jeff Buckley. A festa regressa com “Annie, Let’s Not Wait”, mais uma pérola pop (com samba) e muito provável futuro single.
Mas nada nos prepara para “São Paulo”, a faixa que encerra o disco. São os melhores 11 minutos e 42 segundos de música a aparecer desde que os Arcade Fire nos deslumbraram há uns anos com o seu “funeral”. No início temos uma bela balada que vai crescendo, surge uma orquestra que pega na melodia e cresce também até que, subitamente, pára. Fyfe Dangerfield começa lentamente a cantar “Thrown across water, thrown across water, thrown across water like a stone” mas vai ganhando velocidade e agressividade, embalado por uma louca orquestra de 90 elementos que aumenta o som, cada vez mais (e ainda mais um bocadinho…), até ao apoteótico final, com sinos e tudo!
Empolgante final para este disco claramente produzido e sequenciado para ser ouvido com atenção. “Through The Windopane” é um álbum que exige entrega do ouvinte durante os 60 minutos da sua duração, o que o diferencia de grande parte do que ouvimos hoje em dia. Em Inglaterra, uma rádio chegou mesmo a negar passar uma música desta banda com este argumento: “há tanta coisa a acontecer nessa canção que pode distrair em excesso os nossos ouvintes” (???). Como amantes de música o que queremos é PRECISAMENTE ser distraídos em excesso!

A ambição e talento que estes estranhos e únicos Guillemots demonstram, ainda por cima na estreia, faz-nos pensar no que ainda estará por vir.

Fixem o nome: Guillemots ( lê-se Gui-li-móts).

Vão ouvi-lo muito por aí…






JR

6 Comments:

At 4:13 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Excelente apresentaçao da banda. Nos ultimos anos nao surgiu nada assim(somente os Arcade Fire)no panorama musical que empolgasse de tal modo. E que dificilmente conseguimos explicar por palavras.
Os Guillemots sao realmente uma banda arrebatadora.... quando ouvida verga-nos perante o seu som majestoso e já nao conseguimos separar dela.Quanto ao resto a crónica diz tudo.

 
At 5:01 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Mais palavras para que ... Peguem no cdzinho e vão para casa deliciar-se com o que de melhor se vai fazendo por este Mundo. É sem duvida nenhuma um dos albuns do ano.

 
At 5:20 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Sao Paauulloo!!!!

 
At 5:53 da manhã, Anonymous Anónimo said...

sao paaaaaaaaaaaaaaaaaaaauuuuuuuuuuuuuuuullllllllllllllllllloooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo a vida nao para kieta bebês nascenm e pessoass morrem. O eterno retorno estará sempre presente. PERENE JUNTO A NÓS mas nunca estaremos ao pé dele. ARCADE FIRE PARA CIMA JÁ DIZIA O FERRO:vivo o amor a vida os amigos e o BENFICA

 
At 11:24 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ainda não tive oportunidade de ouvir o álbum, mas espero faze-lo brevemente!!!
Gracias niños!!!

 
At 11:27 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Caixa Campus!!!

 

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