terça-feira, março 28, 2006

Kiss Kiss Bang Bang



Shawn Black. O nome do argumentista e realizador deste filme pode não ser imediatamente reconhecido, mas se disser que foi o argumentista de “Arma Mortífera”, “A Fúria do Ultimo Escuteiro” ou “O Ultimo Grande Herói”, fica-se com uma ideia do currículo do senhor. Depois de ganhar milhões com estes argumentos e de ter alguns fracassos, desapareceu do mapa. Regressa agora para salvar um género cinematográfico da decadência.
Estamos, pois, no universo das comédias de acção, género justamente mal visto nos últimos anos (“Hora de Ponta”, por exemplo), reabilitado, curiosamente, por um dos seus principais inovadores (em finais dos 80/inicio dos 90). O argumento e, principalmente, os diálogos são de antologia, quase obrigando a um segundo visionamento para “apanhar” todas as pérolas com que o filme nos brinda (preparem-se para a cena do dedo!).
Os protagonistas, Robert Downey Jr. e Val Kilmer , dois renegados de Hollywood, mostram bem a subversão que “corre no sangue” deste filme. Não revelando o enredo (só visto…), pode resumir-se assim: um ladrão que se faz passar por actor (e é narrador “interactivo”), um detective privado “gay” (de nome Gay Perry!) e uma actriz frustrada tentam desvendar um mistério que envolve a morte de duas jovens na caótica e louca Los Angeles. O resto são tiros, sexo, piadas, violência, tortura, mentiras, Hollywood e, claro, deliciosas gargalhadas.
Vai ser filme de culto!





JR

segunda-feira, março 27, 2006

Broken Social Scene - Broken Social Scene



Formado por elementos de vários grupos como os The Stars , The Dears , Metric entre outras colaborações , os Broken Social Scene são mais um “ producto “ made in Canada.
Sendo bastante fácil de reconhecer a sonoridade do grupo e associa-la a bandas como os Árcade Fire , Clap your hands say yeah e Animal Collective pelas suas ideias entre o caos , a ordem , o passado , o ensaio e o experimentalismo.
Não encontramos neste álbum uma estrutura definida e organizada mas aos poucos vamo-nos deparando com musicas que crescem melodicamente até à saturação e anarquia instrumental de uma banda que se sente bem a viver em grupo e deseja celebra-lo arduamente, tendo a servir de consciência e alerta para alguma disciplina David Newfeld.


GG

sexta-feira, março 17, 2006

Susumu Yokota - Symbol




Susumu Yokota que nos anos 90 começou com trabalhos na área da musica Techno , alterou o seu rumo com a descoberta de músicos como Philip Glass e Brian Eno.
Mestre na arte do “corta e cola” , Susumu constrói uma electrónica minimalista com fragmentos de peças de vários tempos e autores mas mantendo bem presente a sua personalidade em todas as criações.
Symbol , o seu mais recente e genial álbum (onde poderemos ouvir Mahler , Beethoven , Bizet , Schumann) partilha todos os ambientes da musica pop e da clássica , arrebatando qualquer ouvinte , talvez ate os mais conservadores e menos receptivos a tais fusões.





GG

terça-feira, março 07, 2006

78ª cerimónia dos Oscar






A 78ª cerimónia dos Oscar pautou-se pelo equilíbrio. Mas um equilíbrio nivelado por cima e não por baixo como em anos anteriores.
O lote de nomeados para Melhor Filme era um dos melhores dos últimos anos, com obras não só de grande qualidade mas também corajosas e inovadoras nas temáticas que abordam: desde o terrorismo e as formas de o combater (Munique); aos sacrifícios inerentes à criação de uma obra marcante da literatura (Capote); passando pelos “podres” da civilização em que vivemos, nomeadamente a discriminação sexual (Brokeback Mountain) e racial (Crash); não faltando uma crítica certeira à (des)informação televisiva dos nossos dias, comparada com a independência dos primórdios da “caixa que mudou o mundo” (Good Night, and Good Luck).
Mas, vamos à cerimónia. Jon Stewart foi, de longe, o melhor apresentador dos últimos anos. Fez mesmo lembrar as melhores noites de Billy Cristal e Steve Martin com um humor corrosivo e uma presença segura. E tiradas de génio como a que dedicou a um dos grandes injustiçados de sempre pela Academia, dizendo “Three 6 Mafia -1/ Martin Scorsese-0”, ironizando com o oscar ganho pela Melhor Canção (?) para os primeiros e a ausência de estatuetas na carreira do segundo. Já agora a música chama-se… It’s Hard Out Here for a Pimp (!!), mas devo dizer que também foi “hard” para os espectadores ter de a ouvir.
Quanto aos prémios principais importa destacar as vitórias do brilhante Philip Seymour Hoffman (Capote) na categoria de Melhor Actor e de Reese Witherspoon (Walk the Line). Nas categorias técnicas King Kong conseguiu 3 oscar, o mesmo número do “insonso” Memórias de uma Gueixa. Os prémios de argumento foram para Crash (original) e Brokeback Mountain (adaptado). Este ultimo arrebatou ainda os oscar de melhor banda sonora e realizador para Ang Lee.
A surpresa estava guardada para o fim com a vitória de Crash na categoria principal. Não era dado como favorito, mas num naipe de nomeados da qualidade dos deste ano qualquer um seria justo vencedor. Paul Haggis criou uma obra que expõem, sem enfeites ou disfarces, os problemas raciais da sociedade americana (só?...), através de um fantástico elenco. Fica bem entregue este óscar. Fica também evidente que o cinema norte-americano, apesar dos incompreensíveis preconceitos de que é alvo, ainda consegue surpreender e apresentar filmes de grande qualidade artística, mas nunca esquecendo a vertente do entretenimento. O Cinema é isto. Era bom que noutras cinematografias se começasse a pensar assim…
Para o ano há mais. Mais filmes, vedetas, glamour e, claro, sorrisos amarelos dos vencidos!




JR