segunda-feira, novembro 12, 2007

9 De Novembro de 1989

A Queda de um Muro e a reunificação de um Povo Inteiro


Fez dezoito anos, na passada sexta-feira, que o milagre sobreveio na vida de uma nação. Povo esse, que há muito ansiava pela libertação das correntes, impostas por uma ditadura déspota. Que separava irmãos de sangue, famílias inteiras, amigos e conhecidos.
Como todas as ditaduras, enclausurava a alma dos cidadãos. Tirando-lhes a cor, o brilho dos olhos, que não é mais do que o reflexo da alma. A liberdade de expressão, a autonomia de poder optar e moldar a sua vida, conforme os seus ideais.
Contudo, nenhuma ditadura, por mais impiedosa, vil e implacável, que tenha existido. Jamais conseguiu quebrar os sonhos e a esperança, de um dia, um rumo diferente acontecer na vida dos seus cidadãos. Como uma brisa nova que os levará à gloria, e à liberdade por eles almejada.
Fazendo das suas fraquezas, as suas forças. Das suas desilusões, os seus sonhos. Dos seus sentimentos, as suas convicções. Sempre com os olhos postos num futuro risonho e diferente dos horrores que os rodeiam.
Para assinalar essa data decidi abordar certos filmes de culto, pelos quais tenho imensa estima e que abordam a questão da antiga Republica Democrática (democrática só de nome) Alemã.
Embora apresentem diferentes abordagens ao tema da Queda do Muro de Berlim e da divisão da Alemanha, em duas. Revelador do clima de Guerra-fria que durante décadas atormentou o mundo. Todos apresentam a sua visão desses tempos idos.
Torna-se, imperioso, que fiquem na reminiscência da humanidade. Para que os espectros do passado jamais regressem para atormentar os valores humanísticos e que ponham em causa o bem mais precioso do Homem, a sua Liberdade.


Post-scriptum:

Para aqueles que gostam de coincidências e curiosidades Históricas, aqui deixo o seguinte desafio: Perscrutem sobre o dia 9 de Novembro na história da Alemanha. Irão dar com uma série de acontecimentos importantes, em anos diferenciados, mas sucedidos nessa data.





Primeira Película


Comecemos pelo belíssimo filme “Das Leben der Anderen” (em português A vida dos Outros). Escrito e dirigido pelo realizador Florian Henckel von Donnersmarck. Esta obra-prima alemã, vencedora de vários prémios, em diversos festivais.
Culminando com Óscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2007.
A par do Holocausto, retrata uma das épocas mais obscuras da história da Alemanha. Aquando da sua divisão, em duas: A RDA, parte controlada pelo sector soviético. E a RFA, zona do país controlada pelos sectores dos aliados ocidentais. Neste caso França, Inglaterra e Estados Unidos da América.
A acção decorre (1984) na parte da Alemanha Oriental. Onde um agente da policia secreta (da célebre e impiedosa STASI), é incumbido da missão de espiolhar a vida de um casal de artistas, mais importantes da RDA.
Ele o dramaturgo mais bem sucedido da RDA, de nome Georg Dreyman. Com admiração também no mundo ocidental. Ela a famosa actriz Christa-Maria Sieland, a diva artística da RDA.
Deste modo, o agente Gerd Wiesler, (interpretado por Ulrich Mühe, falecido em 2007), penetra na vida deste casal. Levando a cabo uma investigação minuciosa sobre as suas existências. Sendo o agente um homem simples, sem expressões faciais, sem emoções. Que apenas vive para servir o Estado. Sem nunca questionar os porquês e as decisões, por mais maquiavélicas e absurdas que sejam.
Rapidamente, mergulhamos, na vida íntima do casal, através dos olhos do agente da Stasi. Á medida que Wiesler se vai debruçando na “vida dos outros”, inesperadamente, dá consigo a absorver os problemas pessoais do casal.
A metamorfose do homem cinzento, subjugado pelos valores do estado. Paulatinamente, forja a libertação de algo que pensava não possuir_ A sua própria consciência.
Homem fiel ao estado. Abruptamente, entra, num conflito interior. Onde terá que fazer uma escolha. Neste caso optar por ajudar o casal, ou manter-se fiel ás altas patentes que serve.
Filme arrebatador, com um desfecho dos mais poéticos e extraordinários que vi na história do cinema. É daquelas obras imperecíveis que não deixa ninguém indiferente. E que depois de visto nos acompanhará para sempre.








BB

1 Comments:

At 3:56 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Grande Barata, é bom que se lembrem o que significa a liberdade, bem visto!É nunca devemos esquecer que as bocas amordaçadas não somos nós...



xeltox

 

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